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O uso do probiótico LGG® aumenta anticorpos para influenza?

O uso do probiótico LGG® aumenta anticorpos para influenza?

Além da pandemia de Covid-19, que completa dois anos nos primeiros meses de 2022, diferentes regiões do Brasil têm enfrentado surtos de influenza, chamada popularmente de gripe. O que torna ainda mais importante adotar medidas que ajudem a reduzir o contágio de doenças infectocontagiosas, que são causadas por microrganismos e muitas vezes possuem fácil transmissão. Nesse contexto, dois estudos – um desenvolvido nos Estados Unidos e o outro na Itália – mostraram que o probiótico LGG® pode ajudar no aumento de anticorpos para a influenza após vacinação.

O que o estudo norte-americano descobriu sobre a eficácia do probiótico LGG® no aumento de anticorpos para a influenza?

A pesquisa norte-americana foi publicada em 2011, no European Journal of Clinical Nutrition. com o título Lactobacillus GG as an immune adjuvant for live-attenuated influenza vaccine in healthy adults:a randomized double-blind placebo-controlled trial.

Traduzido livremente para o português, seria algo como “Ensaio randomizado, duplo-cego e controlado por placebo de probiótico LGG® como adjuvante imunológico para vacina viva atenuada contra influenza em adultos saudáveis”.

A pesquisa foi desenvolvida pelo Boston Medical Center em parceria com o Massachusetts General Hospital for Children, nos EUA. Trata-se de um ensaio randomizado duplo cego, o que significa que os pesquisadores fizeram intervenções diferentes, de forma aleatória, nas pessoas selecionadas para participar da pesquisa. Ou seja, uma parte dos participantes recebeu placebo e a outra parte o LGG®, mas nem eles e nem os examinadores sabiam quem estava ingerindo o que.

Por que esse tipo de método é importante? Evita interferências, conscientes ou não, que possam comprometer os resultados do estudo e a interpretação deles.

O objetivo do ensaio foi determinar se o uso diário do probiótico Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®), após aplicação da vacina contra influenza, é eficaz no aumento da produção de anticorpos para a influenza. Isso é importante porque a função principal dos anticorpos é defender o nosso organismo de micro-organismos invasores, como as diferentes cepas do vírus influenza.

  • Foram estudados 42 adultos saudáveis durante a gripe que ocorreu durante a temporada de gripe 2007/2008 nos EUA;
  • Durante 28 dias, todos os participantes receberam a vacina e, em seguida, o LGG® ou o placebo, duas vezes ao dia.

Embora o resultado da pesquisa dos EUA sugira que o uso de probiótico LGG®, após a aplicação da vacina da gripe, possa aumentar o número de anticorpos, foi concluído que são necessários mais estudos laboratoriais para definir melhor a eficácia. Isso porque os resultados não foram estatisticamente significativos. Então, apesar de os achados serem promissores, eles não podem guiar a prática clínica e/ou o comportamento relacionado à saúde ou tratados como informações estabelecidas.

O que o estudo italiano descobriu sobre a eficácia do probiótico LGG® no aumento de anticorpos para a influenza?

Quanto ao estudo feito na Itália, ele foi publicado em 2021 pelo Multidisciplinary Digital Publishing Institute (MDPI) com o título Probiotics as Adjuvants in Vaccine Strategy: Is There More Room for Improvement? Traduzido livremente, seria “Probióticos como adjuvantes na estratégia de vacinas: há mais espaço para melhorias?”

O estudo é uma revisão da literatura, ou seja: uma análise da literatura publicada que traça um quadro teórico para fazer a estruturação conceitual que dá sustentação à pesquisa. No caso, partindo de mecanismos até as evidências laboratoriais e clínicas. O resultado foi que o uso de probióticos para aumento de anticorpos para a influenza é controverso. Embora os probióticos tenham sido eficazes em melhorar a soroconversão para vacinas contra influenza, rotavírus e outros micro-organismos.

Assim como o estudo realizado nos EUA, a revisão feita na Itália é um ponto de partida para a ciência, pois mostra que há potencial no uso do probiótico LGG® para ajudar a melhorar a resposta à vacina contra a influenza e que novos estudos precisam ser feitos para comprovar a eficácia.

Qual a relação entre probióticos e imunidade?

Os probióticos são micro-organismos vivos que trazem benefícios para a saúde geral, como facilitar a digestão, melhorar a absorção de nutrientes e contribuir para aumentar a imunidade. Quando interagem com a microbiota, conjunto de micróbios que habitam o organismo, competem com as bactérias ruins por espaço na mucosa gastrointestinal e comprometem o crescimento dos micro-organismos que podem causar problemas de saúde.

A microbiota é essencial para a maturação, o desenvolvimento e a regulação do sistema imunológico. Essa relação vai além do intestino, pois os micróbios influenciam as respostas imunes a infecções em outros órgãos, como pulmão e trato urinário. O desequilíbrio entre o sistema imunológico e a microbiota pode deixar a pessoa mais vulnerável a infecções, como candidíase e vaginose bacteriana. Por isso, o uso de probióticos é sugerido para vários problemas de saúde, inclusive os vaginais.

O que é o probiótico LGG®?

Há diversas cepas de bactérias classificadas como probióticos, mas algumas se destacam por serem mais estudadas e apresentarem resultados científicos mais consistentes quanto aos benefícios e indicações, como é o caso do Lactobacillus, grupo de bactérias encontradas principalmente no trato vaginal, intestino e leite humano.

Existem várias cepas de Lactobacillus, porém a mais pesquisada e usada em suplementos é o Lactobacillus rhamnosus GG. Embora essa cepa seja gerada por algumas empresas no mundo, a LGG® da Chr. Hansen é a que tem permanecido estável e com o código genético idêntico nos últimos 25 anos e é a utilizada no Culturelle.

Como funciona a imunização após receber a vacina contra influenza?

A vacina contra a influenza aplicada na rede pública é a trivalente, que possui os dois tipos da influenza A (H1N1 e o H3N2) e um vírus da influenza B. Leva de duas a três semanas para a vacina fazer efeito. Já a duração dos anticorpos varia geralmente de seis a 12 meses.

Vale ressaltar que é fundamental se vacinar todos os anos. Pois a vacina é produzida anualmente, a composição pode mudar conforme a circulação do tipo de vírus da influenza.

Referências


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