Intestino e sono: entenda a conexão entre qualidade do descanso e saúde digestiva

A qualidade do sono e funcionamento do intestino estão intimamente ligados. Entenda como noites mal dormidas afetam a microbiota intestinal e o que pode ser feito
A relação entre intestino e sono é mais profunda do que muita gente imagina. Alterações na qualidade do sono não afetam apenas o humor e a concentração, mas também podem impactar diretamente na saúde intestinal, o que pode ter reflexos no corpo como um todo.
Distúrbios no padrão de sono podem interferir na digestão, causar desconfortos intestinais e até favorecer o desequilíbrio da flora intestinal. Entender essa conexão é um passo importante que pode te levar a considerar com mais cuidado a importância de dormir bem à noite.
Como o sono influencia a saúde intestinal?
Eixo intestino-cérebro e ritmos biológicos
O organismo humano funciona como um sistema integrado. Isso significa que cada parte é interdependente e precisa de outras para o bom funcionamento.
O intestino e o cérebro são um bom modelo de integração dos sistemas que existem em nosso corpo. Eles se comunicam constantemente por meio do chamado eixo intestino-cérebro, que envolve o sistema nervoso entérico, o sistema nervoso central, o sistema imunológico e a microbiota intestinal.
Durante o sono, esse eixo desempenha funções importantes de regulação. Dormir bem ajuda a preservar os ritmos circadianos — os ciclos biológicos que controlam desde a produção hormonal até o apetite e os processos digestivos.
Quando esses ritmos se desorganizam, o intestino sofre por causa de um sono ruim. O resultado? O trânsito intestinal pode acelerar (diarreia) ou desacelerar (constipação), e a sensibilidade visceral tende a aumentar.
Manter uma rotina de sono estável, com horários regulares para dormir e acordar, é uma das medidas mais importantes para o funcionamento equilibrado do eixo intestino-cérebro.
Relação entre intestino e sono e o impacto na saúde intestinal
A privação de sono está associada ao aumento da resposta inflamatória do organismo.
Pesquisas mostram que noites mal dormidas podem elevar os níveis de citocinas inflamatórias, como a interleucina-6 e o fator de necrose tumoral alfa (TNF-α). Essas substâncias, em excesso, comprometem a barreira intestinal e favorecem processos inflamatórios locais.
O resultado é uma maior propensão a desconfortos digestivos, como dor abdominal, distensão e alteração nas fezes. Em quadros mais intensos e recorrentes, esse padrão inflamatório pode contribuir para o agravamento de distúrbios gastrointestinais funcionais, como a síndrome do intestino irritável.
O impacto da privação de sono na microbiota intestinal
Desequilíbrios na flora
O sono exerce influência direta sobre a composição e diversidade da microbiota intestinal (a flora presente no intestino). Estudos clínicos indicam que pessoas com noites mal dormidas apresentam menor diversidade de bactérias benéficas e aumento da proporção de espécies associadas a inflamações e disfunções metabólicas.
Essas mudanças no perfil da microbiota afetam a produção de metabólitos importantes, como os ácidos graxos de cadeia curta, responsáveis por nutrir as células intestinais e proteger a integridade da mucosa. Com a mucosa intestinal comprometida, o corpo fica mais suscetível a invasores infecciosos, como vírus, bactérias e fungos.
Por isso, o sono e o intestino precisam ser cuidados juntos. Manter o intestino e o corpo como um todo saudável vai além de cuidados com a alimentação.
Alterações de humor e metabolismo
A influência da microbiota sobre o cérebro é tão significativa que já se sabe que desequilíbrios intestinais podem impactar o humor, aumentando o risco de ansiedade e depressão.
Quando a privação de sono compromete o equilíbrio intestinal, esses sintomas podem se intensificar. Além disso, há evidências de que noites mal dormidas afetam o metabolismo da glicose, aumentam a resistência à insulina e interferem no controle do apetite.
Esse ciclo pode favorecer o ganho de peso, levar à obesidade e agravar quadros de inflamação intestinal silenciosa. Buscar estratégias para dormir melhor é uma forma de preservar tanto a saúde digestiva quanto o bem-estar emocional.
Sintomas digestivos em quem dorme mal
Entre os sintomas que podem surgir com a falta de sono, a constipação, o inchaço abdominal, o aumento dos gases e a sensação de digestão lenta são os mais comuns. Em muitos casos, esses sinais podem ser confundidos com intolerâncias alimentares.
É importante observar se os sintomas digestivos aparecem ou se agravam após noites ruins de sono. Se esse padrão se repetir com frequência, pode ser um alerta de que há uma relação direta entre o descanso noturno e a saúde intestinal.
Como os probióticos podem contribuir para o equilíbrio do organismo?
Os probióticos são microrganismos vivos que, quando administrados em quantidades adequadas, conferem benefícios à saúde. Eles ajudam a restaurar o equilíbrio da microbiota intestinal ao promoverem o crescimento das bactérias benéficas e a redução de agentes patógenos.
Nessa relação entre o intestino e o sono, os probióticos podem ser um apoio valioso. Muitas das vezes, a privação do descanso adequado é inevitável, como pais que precisam cuidar de filhos pequenos ou por situações como insônia crônica. A suplementação probiótica pode ajudar as pessoas que têm o intestino afetado pela má qualidade do sono.
A cepa probiótica Lactobacillus rhamnosus GG (LGG®), é a cepa mais estudada no mundo e está presente na linha de produtos da Culturelle®, como o Culturelle Saúde Digestiva®. Ela é reconhecida por sua capacidade de chegar viva ao intestino e promover a restauração da flora intestinal e a modulação de processos inflamatórios do corpo.
Lembre-se que é importante manter uma rotina de autocuidado completa, que inclui sono de qualidade agregado à alimentação equilibrada. Esses fatores contribuem para uma saúde intestinal que terá reflexos em todo o corpo.
(Culturelle® e Culturelle Saúde Digestiva® são marcas do grupo DSM-firmenich. LGG® é uma marca registrada da Chr. Hansen A/S.)
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