Diarreia infantil é mais comum que a diarreia em adultos?
A diarreia tem como características fezes amolecidas ou líquidas e evacuação frequente, sendo mais comum em crianças de até cinco anos, com destaque para o primeiro ano de vida. Cada criança menor de cinco anos apresenta uma média de três episódios anuais de diarreia aguda. Continue a leitura e saiba quando a diarreia infantil deve ser uma preocupação, o que fazer durante os episódios, as possíveis causas e por que o uso de probióticos pode ser um bom aliado em alguns casos.
Quando a diarreia infantil é preocupante?
A diarreia aumenta o número de vezes em que uma criança evacua, em geral, para mais de três vezes em 24 horas. Com esse aumento, a perda excessiva de líquidos e minerais importantes, principalmente sódio e potássio, também pode ocorrer. Para evitar agravamentos, é preciso ficar de olho nos seguintes sintomas como sinais de alerta:
- Indícios de desidratação – sede extrema, boca ou língua seca, aparência apática, choro sem lágrimas, pressão muito abaixo do normal, moleira funda (em crianças pequenas) diminuição da quantidade de urina ou urina muito concentrado;
- Perda de apetite e/ou peso;
- Náusea ou vômito;
- Febre alta;
- Dores ou sensibilidade abdominal;
- Sangue nas fezes;
- Pequenos pontos avermelhados na pele.
A diarreia infantil deve virar uma preocupação quando os sintomas apresentados são suficientes para considerar o quadro duradouro ou grave: seis a oito episódios de evacuação por dia ou diarreia com mais de dois dias de duração. Nesses casos, a ida ao médico é bastante recomendada. Isso porque a desidratação em crianças, se não cuidada, pode causar danos cerebrais e, em casos extremos em crianças desnutridas, até morte.
Dados do Fundo das Nações Unidas para a Infância – UNICEF e Organização Mundial da Saúde – OMS apontam a diarreia aguda como a segunda maior causa de morte no mundo em crianças de até cinco anos, ficando atrás da pneumonia, somente. Bebês e crianças desidratam mais rápido, principalmente as lactantes.
Além das faixas etárias mencionadas, é preciso atenção redobrada para os seguintes casos e grupos vulneráveis:
- Prematuridade;
- Uso prolongado de antimicrobianos e quimioterápicos;
- Crianças hospitalizadas;
- Imunodeficiência;
- Populações localizadas em áreas com saneamento básico precário ou moradias em condição insalubre.
O que fazer para tratar a diarreia infantil?
Diarreia aguda – esses tipos de quadro costumam durar de cinco a 14 dias. Quando causada por vírus, a diarreia aguda tem um ciclo de começo, meio e fim próprio. Ela pode ser tratada com hidratação e nutrição adequadas, a depender da gravidade dos sintomas associados. No caso da diarreia aguda causada por parasitas, o tratamento deve ser feito com medicação específica. Essas orientações são aplicáveis a crianças e adultos.
Diarreia crônica – tende a ter duração maior ou é intercalada com momentos em que os sintomas não se manifestam. Pode ser causada por inflamações ou má absorção de nutrientes e pede investigação profunda, suporte médico e recomendações personalizadas, pois envolve fatores individuais.
Causas da diarreia infantil são as mesmas da diarreia em adultos?
A diarreia infantil possui algumas causas semelhantes à diarreia em adultos. São elas:
- Intoxicação alimentar;
- Infecções causadas por bactérias – estafilococus, por exemplo;
- Infecções causadas por parasitas – amebíase e giardíase, por exemplo;
- Infecções causadas por vírus, bactérias ou parasitas por meio da água ou alimentos contaminados;
- Uso de antibióticos;
- Alergias alimentares;
- Intolerância à lactose ou ao glúten;
- Consumo exagerado de certos alimentos – ultraprocessados ou com efeito laxativo, por exemplo;
- Doença celíaca;
- Doença inflamatória intestinal;
- Hospitalização prolongada, associada ou não ao uso de antibióticos.
Em adultos, também podem causar diarreia o abuso de laxantes ou drogas, a ingestão de vitamina C em alta quantidade, medicamentos específicos para coração ou câncer e a intolerância ao sorbitol, adoçante proveniente da glicose.
Como o probiótico ajuda no tratamento da diarreia infantil?
Segundo a OMS, as bactérias que compõem os probióticos podem ser considerados “bactérias do bem” ou “micro-organismos vivos que conferem benefícios à saúde. Quando administrados de forma adequada, os probióticos fazem bem para a microbiota ou flora intestinal e, por isso, podem ser aliados no tratamento da diarreia.
Os probióticos mais indicados por especialistas de órgãos como a World Gastroenterology Organization são os que possuem as bactérias do gênero Lactobacillus (L. casei, L. rhamnosus, L. acidophilus, L. reuteri, L. plantarum) e Bifidobacterium (B. bifidum, B. infantis, B. animalis, B. brevis, B. longum, B. adolescentis12). Em menor grau, são também eficientes as bactérias eas leveduras fermentadoras: Enterococcus faecium, Streptococcus thermophilus e Saccharomyces boulardii.
Probióticos e equilíbrio da microbiota intestinal – as bactérias presentes nos probióticos são capazes de regular o crescimento de outras bactérias problemáticas, formando uma espécie de “barreira” no trato gastrointestinal. Os micro-organismos “do bem” produzem substâncias equilibradoras do pH da microbiota intestinal, impedindo a proliferação do que não deveria estar ali.
A diarreia nada mais é que uma reação de defesa do corpo. Então, se a infecção que o corpo está tentando combater é decorrente de bactérias, o uso de probióticos ajuda a povoar o trato gastrointestinal com os micro-organismos certos, para que estes possam combater os invasores.
Probióticos e a diarreia por uso de antibióticos – segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, cerca de 30% das crianças tratadas com antibiótico apresentarão diarreia em algum momento do tratamento ou até oito semanas após seu término. Sabendo disso, a utilização de probióticos representa uma estratégia eficiente de alívio desse efeito colateral e inclusive de prevenção da diarreia, em casos possíveis de se antecipar.
Referências
- https://pebmed.com.br/qual-o-papel-dos-probioticos-na-diarreia-por-antibioticos/ acessado em 06/03/2022
- http://arquivos.braspen.org/journal/jan-fev-mar-2019/artigos/14-AO-Uso-do-probiotico.pdf acessado em 06/03/2022
- https://www.worldgastroenterology.org/guidelines/acute-diarrhea/acute-diarrhea-portuguese acessado em 06/03/2022