Principais doenças digestivas: sintomas e como diagnosticar
As doenças digestivas afetam o funcionamento do sistema gastrointestinal e comprometem a qualidade de vida. Conheça os principais tipos, sintomas e como são diagnosticadas
A sensação de estômago pesado, queimação, fezes amolecidas, distensão abdominal ou dor persistente após as refeições são sintomas que, apesar de comuns no dia a dia, podem estar associados a doenças digestivas que impactam diretamente o bem-estar de milhões de pessoas.
Essas condições parecem estar se tornando mais recorrentes, em especial nas grandes cidades, onde o ritmo acelerado, o estresse e os hábitos alimentares pouco equilibrados favorecem alterações no sistema digestivo.
Muitas vezes, os sinais passam despercebidos, ou são atribuídos à má alimentação pontual. Compreender os principais tipos de doenças digestivas e reconhecer seus sintomas é o primeiro passo para buscar orientação profissional e encontrar o tratamento adequado.
O que são doenças digestivas e por que são tão comuns?
O sistema digestivo é um conjunto complexo de órgãos responsáveis por processar os alimentos, absorver nutrientes e eliminar resíduos. As doenças digestivas surgem quando há algum tipo de disfunção nesse processo — seja por alterações motoras, inflamações, infecções ou condições estruturais.
Essas alterações podem atingir desde a boca até o intestino, incluindo esôfago, estômago, fígado, vesícula, pâncreas e cólon. Os quadros mais comuns envolvem gastrite, refluxo, disbiose, constipação, síndrome do intestino irritável, entre outras.
Em muitos casos, os sintomas não estão ligados a lesões detectáveis em exames, sendo classificados como distúrbios funcionais. Nesses casos, o desconforto é real, mas os exames convencionais não mostram alterações visíveis, o que exige um olhar clínico mais atento e criterioso.
Fatores que contribuem para essas doenças
Diversos fatores contribuem para o aumento da incidência dessas condições. A alimentação pobre em fibras, rica em industrializados, com excesso de gordura e açúcar é uma das principais causas. Além disso, o estresse e a ansiedade podem somatizar e alterar o funcionamento do intestino; é o que já é comprovado e conhecido como eixo intestino-cérebro.
Outros gatilhos são infecções por bactérias ou vírus, consumo excessivo de álcool, tabagismo e predisposição genética. Em cada caso, o conjunto de sintomas e sua intensidade pode variar bastante, o que reforça a importância de uma avaliação médica individualizada.
Principais tipos de doenças digestivas
Gastrite e H.Pylori
Entre as doenças mais diagnosticadas na prática clínica, a gastrite se destaca. Trata-se da inflamação da mucosa do estômago, que pode ter origem infecciosa (como em casos de Helicobacter pylori), uso de medicamentos ou hábitos alimentares inadequados.
Os sintomas da gastrite incluem dor ou queimação na região superior do abdômen, náuseas, sensação de estômago cheio e arroto excessivo.
Refluxo
Outra doença digestiva comum é o refluxo gastroesofágico, que é caracterizada pelo retorno do conteúdo ácido do estômago ao esôfago, causando azia, gosto amargo na boca, tosse seca e dor no peito.
Além do desconforto, o refluxo mal tratado pode gerar lesões e inflamações no esôfago. Em casos mais graves, pode gerar lesões pré-cancerígenas, conhecidas como esôfago de Barrett.
SII
A síndrome do intestino irritável é uma condição funcional que afeta a motilidade intestinal. O paciente pode alternar episódios de diarreia e constipação, apresentar dores abdominais, distensão e sensação de evacuação incompleta. Embora não cause inflamação nem dano estrutural, impacta profundamente a rotina e o bem-estar emocional.
Inflamação no cólon
Já as colites, que envolvem inflamação no cólon, podem ter origem infecciosa, autoimune ou serem provocadas por intolerâncias alimentares. A colite ulcerativa e a doença de Crohn, por exemplo, fazem parte das chamadas doenças inflamatórias intestinais e exigem acompanhamento contínuo.
Como é feito o diagnóstico das doenças digestivas
O diagnóstico das doenças digestivas envolve, em primeiro lugar, uma escuta atenta do médico. Entender como e quando os sintomas surgem, quais são os alimentos consumidos, qual o histórico de saúde e quais hábitos fazem parte da rotina do paciente já oferece uma visão valiosa.
A partir disso, o profissional pode solicitar exames laboratoriais e de imagem. Testes como endoscopia digestiva alta, colonoscopia, exames de fezes, ultrassonografia abdominal, tomografia e ressonância magnética ajudam a visualizar possíveis lesões, inflamações ou alterações anatômicas.
Além dos exames físicos, a análise da microbiota intestinal por meio de testes específicos pode ser recomendada, especialmente quando há suspeita de desequilíbrios que afetam o trânsito e o conforto digestivo.
Papel da avaliação clínica e do histórico alimentar
A avaliação do padrão alimentar é uma das etapas mais importantes na investigação das doenças digestivas. A presença excessiva de alimentos industrializados, o baixo consumo de fibras, a ingestão insuficiente de líquidos e o excesso de cafeína ou álcool podem contribuir diretamente para o agravamento dos sintomas.
Um nutricionista ou gastroenterologista capacitado pode, inclusive, sugerir a implementação de uma dieta de exclusão temporária, como no caso de intolerâncias alimentares, ou o uso de estratégias específicas para reconstrução da microbiota, como a introdução de alimentos fermentados e suplementação probiótica.
Referências
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